A Evangelização Espírita Juvenil para Adolescentes Infratores da Lei

Alessandra Ramasine*

Somos evangelizadores da infância e juventude. Semeadores de um novo tempo. Tempo de paz, de diálogo, de harmonia e afeto entre todos os cidadãos planetários, testemunhas da transição irrevogável que já se iniciou em nosso orbe. E a Doutrina Espírita, celeiro de oportunidades para essa reconstrução, nos convoca a um convívio diferenciado, estabelecido integralmente pelo respeito à diversidade da natureza espiritual de cada ser, contemplando especialmente, o tempo de despertar de cada criatura. A espiritualidade, incansavelmente, atua para que essas etapas sejam todas cumpridas a termo, sem prejuízos a grande Lei de Evolução. O legado dessa transformação deverá ser preservado e os nossos jovens deverão tornar-se os potenciais líderes de novas práticas, responsáveis pelo estabelecimento e manutenção
de uma ética universal.
Temos a consciência de que esse processo não se dará da noite para o dia. Mas o que temos feito para que nossos adolescentes reconheçam a importância e nobreza dessa missão?
Nós, evangelizadores da Casa de Demetrius, não resistimos ao doce chamado do Mestre Jesus às nossas consciências! Desde 1999, optamos por levar a “boa nova” aos jovens em conflito com a lei! Uma árdua tarefa, pois, quem de nós, aos olhos de DEUS não está ou foi infrator? Pois esses jovens, “invisíveis” para a nossa sociedade, têm nos permitido aprender, mais que ensinar.
Escolha feita, nada foi fácil para nós! Precisamos estudar e revisar valores,  hábitos, pensamentos e culturas até então arraigados, que nos dificultavam uma maior aproximação e melhorconvívio com os nossos “guris”. O caminho do “eu ao nós” passa pela descoberta de que não existem conteúdos e práticas pré-concebidos. Encaramos preconceitos em nosso próprio meio… Sequer
dispúnhamos de literatura adequada ao perfil do público-alvo. As apostilas de evangelização retratam um contexto socioespiritual bem diferente, especialmente contemplando um trabalho preventivo, em longo prazo… Como atender à especificidade e intensidade das demandas dos meninos e meninas internados sob a tutela do Estado, distantes de suas comunidades e famílias, completamente apartados do convívio social e sem perspectiva de preparo para o retorno a esta Sociedade? Para eles e elas, não existe “milagre” em curto prazo… Precisaríamos semear e cultivar valores nunca vistos e vividos; explorar seus sentidos, percepções, mentes e corações; investigar seus desejos, necessidades de presente e futuro, uma vez que o passado deveria ser ressignificado…Tudo isso, num curto espaço de tempo – o do convívio de apenas duas horas por final de semana e da especificidade e brevidade da medida socioeducativa, que poderia durar de 45 dias a 3 anos!
Há muito que falar a respeito… Dar voz aos meninos e meninas, em temporada de cultivo da materialidade em detrimento dos valores espirituais, é complexo; mas acreditamos na vida eterna, na sobrevivência do espírito, mortal; na existência de Deus e em suas leis, perfeitas e justas; na reencarnação, na pluralidade dos mundos habitados, na capacidade de escolha humana e compartilhamos tais princípios básicos com eles, ajustados à sua realidade e faixa etária, especialmente proporcionando o que chamamos de “Mudança de cena”. O Geid (www.geid.org.br), Grupo Espírita Irmão  Demetrius, situado à Ilha do Governador acolhe e capacita a todos os interessados em participar para mudar essa realidade. Podemos compartilhar
de pesquisas, programas, estudos que desenvolvemos para o público jovem em questão. Estabelecer um convívio fraterno e caminhos para a Juventude é nosso compromisso!

*Alessandra Ramasine é Conselheira Estatutária do Geid e idealizadora do Movimento Espírita para os adolescentes em conflito com a lei, do RJ.